Há muito que não fazia ninguém chorar com apenas uma pergunta:
- E o seu pai, como está?
E ela desabou num choro, abandonando a cadeira do atendimento, há um minuto atrás sorria.
Há 8 anos que nos conhecemos. Todos me tinham negado tratamento e dito que era impossível. Mas ele disse-me que não havia impossíveis. Era um homem alto, forte, já de idade e não tinha um sorriso bonito como hoje é obrigatório nos dentistas actuais. Era até um pouco feio, desconjuntado na sua bata pequena demais.
Eu simplesmente tinha pavor de ir ao dentista. Ao longo da vida apenas um com um magnifico sentido de humor me tinha feito parar por lá durante um ano, ano e meio. Quando quis voltar, já o consultório não existia.
E depois este, faz oito anos, dava-me sempre um beijinho na testa como se eu fosse uma miúda.
Esclerose lateral amiotrófica, conseguiu ela pronunciar, depois de ter limpado os olhos.
Também fiquei triste e tive saudade daquele beijinho da testa, não obstante ter sido atendida por um dentista novo, bonito, profissional, e com um sorriso magnifico.
~CC~
ELA, assusta, tal diagnóstico.
ResponderEliminarOs dentistas não têm que ser bonitos e muito aprumados. O meu não o é, mas vou lá há 33 anos.
Beijo, CCF 🙂
33 anos Maria, mas isso é mesmo uma relação de longa duração...
EliminarObrigada por vir Maria, um beijinho.
~CC~
Há gente que vai faltando. Cada vez mais gente. E o sofrimento que leva à morte pode ser assustador. Mais que o facto de nos desaparecerem, aflige a injustiça dobrada do modo como acontece. Fica o beijo na testa, sinal de respeito e, julgo eu, de carinho.
ResponderEliminarBom início de primavera, CC. Por aqui, até o alpendre se faz impossível. Vem brilhante mas de agreste, a prima que é vera.
Uma Primavera de vento frio, por ora.
ResponderEliminarTão bom um beijinho na testa, creio que só o meu pai em tempos o fez, era um valdevinos mas era carinhoso. Bom Domingo Bea.
~CC~