segunda-feira, 17 de abril de 2023

Esses vampiros

 

Voltam os fantasmas dentro do corpo. Como eu já os vinha a adivinhar.

Qual vampiros na calada da noite. Como domá-los, como dominá-los, às vezes já não sei, chegam sombras chamadas desistência. 

Hei-de escapar-me para junto do mar, hei-de molhar o rosto de sal. 

Não passarão, diziam os resistentes de todo o mundo. Hei-de tomar-me da força deles, dos que constroem barragens contra o pacífico, dos que combatem a solidão em Macondo, dos que falam com os limoeiros nos quintais, dos miúdos de rua que foram capitães da areia...ou tão simplesmente dos que fazem de cada dia, nos locais em que trabalham, em que vivem, uma batalha pela vida, pela dignidade humana. De pé nas urgências dos hospitais, de pé nas salas de aula dos bairros difíceis, abraçando aqueles miúdos no centro de acolhimento, ouvindo aqueles idosos nos lares, essas pessoas sem nome na praça pública, os resistentes. Toda a vida procurei ser um deles, uma delas. 

E se os vampiros vierem em bandos com pós de veludo, hei-de cantar-lhes a tua canção, bem alto, bem forte. 

~CC~


4 comentários:

  1. Eles, os vampiros, como diz o Zeca, chegam de toda a parte. E portanto temos de viver com eles, a repeli-los. Tanto pensei - ingénua de mim - que já não existiam; ou existiam mas eram inóquos, contra a força da verdade nada podiam.
    Não sei o que sou, mas serei sempre sem registo na praça pública, em luta pela dignidade humana. O povo só se chama povo, é sempre um colectivo.

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    1. Vampiros de muitas qualidades, é certo, toda a atenção é pouca. Os meus são internos e atacam sossegados pela calada da noite, sem que os veja, sem que os sinta. Já vou mergulhá-los no mar...(antes que me anunciem outros químicos).

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  2. Com essa tenacidade, com essa sua força de vontade e de vencer, de certo não passarão de sombras CC, nada mais.
    O meu abraço.

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