Num tempo tão sem esperança (a banalidade do mal a unir a América Latina ao centro da Europa) é no cinema que a vou encontrando. E é tão bom sair e ir ao cinema, mesmo no Inverno quando tudo me puxa para o chá e para o sofá.
É o coro final, cantando na mais bela língua do mundo um sol que o futuro há-de trazer (Nanni Moretti)
É dentro daqueles dois rostos, um velho tosco que gere um pub falido e uma jovem que atravessa fronteiras com uma máquina fotográfica em que fixa a resistência de existir (Ken Loach).
E essa luz que passa da tela para mim torna-me também mais capaz de iluminar-me e iluminar outros. A luta é sempre cheia de pequenos nadas. Apoiar uma amiga que perdeu a mãe, escutar com tempo um estudante, comprar algo num pequeno comércio, receber um cabaz da quinta semanalmente, mandar uma mensagem a alguém que precisa de alento. É no dia a dia que somos e nos revelamos humanos, não é mais além. E ser humano é luta contra a sombra, aquela, a da banalidade do mal.
~CC~
Porque, se não for no dia a dia, é onde? Não há mais do que os dias uns atrás dos outros, só neles vamos sendo. Para o bem e para o mal, o mundo a que pertencemos e nos calhou, tem mão humana e não casual, e o que se pensava ser passado reacende em várias frentes. Resta-nos ir alumiando o quotidiano enquanto seja quotidiano e dar graças por isso. Há muito quem o tenha perdido e, num repente, se viu sem tecto, sem família, sem nada. Como diz uma amiga, "este ano, o Menino não tem onde nascer".
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