Certas partes das cidades estão ocultas. Certas partes da vida ocultas estão. Algumas estão escondidas porque passámos por lá mas não as vimos realmente e precisamos de passar de novo, de olhar, de nos demorar, até de chorar. Outras estão ocultas porque as esconderam de nós, segredos nas cidades, nas famílias, nas vidas. Coisas que se podem desvendar e outras que nunca o serão.
Há um quintalão das acácias em Faro cujas paredes estão pintadas com as sombras das próprias árvores e dos pássaros que por lá passam. Se os lugares guardam as pessoas, então também ficámos registados na memória do lugar, foi o melhor sítio para se estar no festival que ocupou o centro histórico da cidade. Parte do meu tempo foi ocupado a olhar as árvores, tanto tempo contido em altura e magnitude, desenho vasto de ramos e folhas, quando a luz as atravessava, ficava a olhar e a música ficava para segundo plano.
No centro do meu desnorte a tua mão, o teu abraço, os lugares no chão lado a lado, a fingir-nos os miúdos que ainda somos, rir como sabemos rir e entrar na onda, concerto mais pequeno e intimo é outro diálogo com o artista. No centro da minha luta a tua mão, um laço a puxar-me para o melhor de mim.
~CC~
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