Há coisas fáceis que são tão difíceis. Coisas boas que podem ser más. Coisas belas que têm lá dentro um negrume. Não falemos do amor, pois esse é paradigmático disso tudo, um caso sério de tanta alegria e tanta dor. Dizem os do lado do sol que é só a primeira coisa mas os inimigos da perfeição, esse manto de inócuo, sabem que não é real sem chuva.
Vamos a coisas mais simples.
Estou perante uma coisa boa: um convite para uma comunicação. Dentro desta coisa boa tenho coisas más para dizer, coisas que me doem, coisas que as pessoas não vão gostar de ouvir. Nos meus piores pesadelos elas levantam-se da sala e deixam-me ali, a falar sozinha. Eu saberia dizer coisas simpáticas, coisas boas, coisas que as pessoas adorariam ouvir. Já me aconteceu ser assim, ter na realidade histórias lindas de contar, saber que vou encantar, eu própria encantar-me. Mas desta vez só me ocorrem as coisas duras, difíceis e inquietantes. E eu estou dentro delas, sou tantas vezes a impossibilidade de mudar a realidade como sou a possibilidade disso acontecer. Tento pensar em soluções para os problemas que vou apontar e ao contrário do que me costuma acontecer: brotam ideias até debaixo das pedras, sinto desta vez um grande vazio.
Deve ser o cansaço, a invasão da realidade.
Só me pode salvar uma boa dose de loucura ou a capacidade de encaixar o festim de tomates que aí vem ou, quanto muito, uns aplausos amarelinhos.
~CC~
A maioria das vezes não podemos poupar os outros à dor e ao sofrimento que a realidade trás. Podemos, isso sim, não desempenhar o papel de mensageiros, deixar essa tarefa para outros. Mas convém não nos enganarmos e termos presente que isso é algo que fazemos por nós, não pelo outros. E não esquecermos que adiar o embate com a realidade é algo que muitas vezes se paga: cedo ou tarde, esta sempre por vir ao nosso encontro, acrescida de juros.
ResponderEliminarDito isto, espero que lhe surja inspiração. :-)