terça-feira, 21 de novembro de 2017

Devagar, devagarinho



Quanto mais o corpo se fragiliza mais cresce a sofreguidão da vida, a bebedeira de azul do céu, do cheiro do mar, dos sabores da comida, do toque da pele das pessoas amadas, das palavras dos poetas, do mundo que ainda não vi. 

Este medo constante de que me falte o tempo para o que ainda quero viver, quero fazer. E uma outra noção do que é o desperdício, esse tempo gasto com as coisas que pouco importam, nenhum crédito para os pequenos conflitos, as ninharias do dia a dia, as reuniões de trabalho sem fim marcado, as conversas que pouco contam. Não correr atrás de absolutamente nada, aliás não correr.

Outro espaço para a cigarra que há em mim mas não só, é ser também outra formiga, sair às vezes do caminho e achar que isso também é contribuir para o colectivo.

Beber devagar, comer devagar, se a vida me trouxe literalmente esta obrigação, hei-de conseguir transportar este verbo para o interior de todas as minhas células.

~CC~

3 comentários:

  1. obrigada, CC, pelas palavras. não imagina como preciso delas, dessas.
    beijo :)

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  2. Isso CC. Eu, tenho de rever a minha lista de projetos, acho que já não vou ter tempo para tudo...

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  3. Ana, é o que eu sinto muitas vezes quando a visito.
    Gaja Maria, pois, se for racional ao ponto de estabelecer prioridades, em vez de enrolar os sonhos todos uns nos outros como eu costumo fazer.
    ~CC~

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