Volte, volte, volte.
Lá voltarei outro dia. Estou sempre à espera que seja o último. Talvez vá demorar para ser o último. Adiada a intervenção para daqui a quinze dias, o especialista teve que ver para crer no que se passa no meu interior.
Já nada me encanta naquele espaço tão aprazível, não me apetece o chá, o bolinho, o pão, tudo tão generosamente colocado à disposição do utente e das famílias (pelo que vejo, mais das famílias).
De vez em quando já me apetece fugir e não voltar. Como aquela doente, cuja história a minha filha me contou. Diagnosticaram-lhe um cancro e ela só voltou ao médico depois de três anos. O médico, incrédulo, perguntou-lhe as razões para tão grande demora (e loucura). E ela respondeu-lhe que tinha estado muito ocupada, tinha passeado muito com as amigas, feito viagens que há muito planeara, tinha visto nascer o neto, tinha vivido muito e bem. Como é que ele lhe poderia garantir que se tivesse feito logo a intervenção cirúrgica ela teria na mesma três anos tão bons e tão intensos?! Agora ele que fizesse o que bem entendesse, ela tinha a barriguinha cheia de coisas boas.
Mas eu não tenho tal coragem. Ou tal cobardia.
~CC~
Não consigo imaginar... E só fico aqui a pensar como, em tais circunstâncias, é difícil fazer a diferença entre coragem e cobardia.
ResponderEliminarUm abraço CC.
não nos podemos comparar com os outros para avaliar quer a coragem, quer a covardia. na realidade, nada mesmo. somos únicos.
ResponderEliminartenho uma amiga que tem cancro e recusou os tratamentos convencionais, optando por terapias alternativas. quando lhe admiram a coragem, ela responde que precisaria de coragem, precisamente para optar pela medicina convencional e não para seguir o caminho que escolheu.
beijo, CC
Pois é Luísa, também não sei.
ResponderEliminarAna, verdade, cada um é diferente do outro nestas coisas. Penso que se em circunstâncias tão difíceis já me salvaram, é melhor continuar a confiar neles.
Abraços às duas
~CC~
tudo bom para ti
ResponderEliminaras boas intenções também contam
beijo