terça-feira, 7 de maio de 2024

Nada se conserta sozinho

 

Volto às salas de aula dos meninos pequenos no âmbito deste meu ofício que se desmultiplica, o que mais aprecio nele, esta possibilidade de deambular por muitos mundos.

Ainda estou impressionada com o menino de ontem. Costuma ser intempestivo e fazer birras, zangado com a vida. Muito inteligente, astuto, sensível. Vinha de cara amuada logo ao início da manhã e assim esteve, bastante calado ao contrário do que costuma acontecer. A professora chamou-o perto de si e perguntou-lhe o que se passava. E ele chorou pois tinha feito chorar a mãe logo pela manhã, fê-la zangar-se por causa da roupa que queria vestir (um clássico). E pediu para telefonar para casa e pedir desculpa à mãe, caso contrário naquele dia não ia cumprir nenhuma tarefa bem. Só oito anos...e que lição para tantos adultos que não sabem usar a palavra, nem entristecer com a tristeza que nos outros provocam, andam sempre em frente, nunca voltam atrás para reparar nada, acham que tudo se conserta sozinho.

Que se conserve sensível, imune à masculinidade tóxica que parece estar outra vez na moda, é ver como ela grassa entre políticos e figuras públicas.

~CC~


8 comentários:

  1. Que post tão bonito, CC! Tão bonito e verdadeiro.
    Um abraço algarvio,
    Sandra Martins

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    1. Olá Sandra...e a eu a pensar que já não sabia onde ficava a minha rua:) Obrigada,

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  2. Que bom! Que bonito!
    Não será esta a mais nobre das profissões.
    Sempre aprendendo, ensinando.
    Quanto a esta nova moda é combatê-la, todos os dias, com orgulho, em todo o lado.
    Obrigado CC

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    1. Tantas lutas sempre por travar, que não nos falte o empenho e a coragem:)

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  3. Um episódio de grande importância humana e social. É bom ter-nos dado conta disso.
    Um abraço.

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  4. E quem dera que eles, os meninos próprios nossos, fizessem o mesmo. Mas o mundo de hoje é descompassivo, acotovela sem pedir desculpa ou olhar para trás.
    Não ignorando responsabilidades e culpas de cada um, penso se eles não nos copiam.

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    1. Toda a gente copia em parte alguém...mas nunca é uma cópia inteiramente fiel, há em nós capacidade de alterar o que herdámos, seja bom ou mau,

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