Passamos anos a trabalhar na mesma instituição usando apenas o cumprimento trivial, com a distância que se parece impor entre quem tem pouco em comum ou julga que tem. Mais ainda, antipatias criadas muitas vezes à conta do que outros nos disseram ou contaram influenciam o modo como vemos ou nos vêm. Consolidam-se geografias de proximidades e distâncias, tantas vezes sem fundamento.
Até que um dia há uma pequena tempestade e parece que nos vimos pela primeira vez debaixo de uma árvore, de um guarda chuva, de um qualquer abrigo. Há uma mão disposta a agarrar-se a uma outra que nunca agarrou. Não imaginava já poder viver novas geografias de amizade por dentro do trabalho e ao mesmo tempo consolidar outras em jornada de maior cumplicidade. Não imaginava um ano letivo a acabar assim, a dançar debaixo de um sobreiro, acho que sobretudo não imaginava deixar de ter medo de estar aqui, mercê de tantos anos em que a pressão para me fazer sair foi muito grande. Pouco a pouco a gente de mal vai perdendo terreno e a gente do bem vai-se juntando. Fiz bem em resistir para poder chamar casa a este lugar em que se passa mais de metade da nossa vida. Quero continuar a ter coragem para novas geografias.
~CC~
Quanta beleza, CC!
ResponderEliminarQuerida Susana...tão bom que venha!
EliminarHá coisas a que acontecem a profecia cigana dita e redita, "não gostam de ver bons princípios aos filhos". Portanto, preconceitos à parte, a sua dança debaixo de um sobreiro tem argumento e filme. Que assim seja. Ganhar uma casa no trabalho não é coisa comum. Como disse Miguel Sousa Tavares acerca de sua mãe, "ela dança". Assim a CC.
ResponderEliminarBom domingo
Que bonito Bea...que comentário bonito!
EliminarExperiências de vida.
ResponderEliminarUm abraço.
Um diário tão ocasional como partilhado, na expectativa que a reflexão interna sirva sobretudo a mim mas também possa servir para outro alguém, do lado de lá. Um abraço
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