domingo, 4 de maio de 2025

Foi contigo que aprendi a derrubar certos muros

 

Falta-me ligar-te e saber a ordem pela qual eu tinha chegado. Registavas com afinco os deveres afetivos dos teus filhos e as falhas magoavam-te, embora com o tempo também relevasses quando, pela distância, não me era possível fazer-te chegar um presente, nessa altura bastava a voz e um beijo. 

Sinto muitas e muitas vezes a tua falta e sei que contigo aprendi a valorizar as pessoas comuns, presas de tradições, rituais e amantes das pequenas coisas. Nunca me leste histórias mas contaste muitas histórias, nunca me falaste sobre o universo ou discorreste sobre os sentidos do mundo, as guerras ou as problemáticas políticas que nos contornam as vidas, mas ensinaste-me a fazer ervilhas com ovos, a votar em todas as eleições e a apreciar um café e um bolo de pastelaria. Levei tempo mas não esqueço nem esquecerei que foste tu que me destes os meios para saber falar com uma infinidade de gente diferente e apreciar. Não era preciso que tivessem feito a faculdade, soubessem falar bem, dominassem ou gostassem de alguma arte, lessem ou viajassem...

Foi contigo que aprendi a derrubar certos muros. 

~CC~

6 comentários:

  1. Não sei se do(a) mestre(a) se da aluna, mas a CC aprendeu muitas coisas (pequenas mas importantes e que são úteis a vida toda). Abençoada!

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  2. A mãe é a nossa memória. A nossa memória da infância morre com a morte da nossa mãe.
    Um abraço.

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    1. Só morre um bocadinho, uma boa parte ainda cá está. Um abraço

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  3. Enquanto podermos recordar os nossos ente queridos eles estarão sempre vivos no nosso coração.
    Abraço de amizade.
    Juvenal Nunes

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  4. Está ainda bem viva em nós. Saudade que permanece dessa ligação à terra.

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