Outra vez na cidade grande, estranho-a como se nunca tivesse cá vivido.
Logo pela manhã no café um casal jovem pediu duas saladas de fruta e uma garrafa de água, não estava a ver ninguém a fazer tal na minha cidade pequena.
Mais adiante um édredon mexeu-se ao cimo de umas escadas e assustei-me mas era só um sem abrigo a espreguiçar-se lá dentro.
E pela hora de almoço ia sufocando no centro comercial, nunca pensei que houvesse tanta gente a frequentá-lo, havia filas e praticamente todas as mesas estavam cheias, não sei de onde saíram tantas pessoas e ao fim de um bocado tive que sair, nem tomei café, incapaz de suportar tanto ruído e luz.
E há lojas e lojas cheias de coisas, primeiro entro maravilhada, mas depois é um excesso de cor, de estímulo e não consigo comprar nada.
Salva-se a beleza do edifício em que momentaneamente estou a trabalhar, acabadinho de restaurar, é como um oásis de verde e azul, tem as paredes cheias de rostos e de frases de escritores e é como se os jovens os respirassem. A jovem da saia branca que escreveu um poema sobre a sua saia branca e o leu para celebrar a liberdade de poder escolher a cor da sua saia, tinha um brilho tão grande nos olhos que iluminou também os meus.
~CC~
Que descrição encantadora e sensível da cidade grande. A sua escrita transmite uma observação profunda e poética, celebrando a beleza nos detalhes do quotidiano.
ResponderEliminarTenha uma noite tão maravilhosa quanto este seu texto.
Querida Teresa, obrigada!
EliminarDepreendo do texto que a cidade grande pouco lhe apraz, CC. Gosto de tecidos e texturas, de sentir o toque das peças. Entro, de vez em quando, nas lojas de muita gente e muito artigo com essa finalidade. Julgo que seja tendência muito comum nas mulheres, "dar uma olhada". A abundância é tal que satura e desanima.
ResponderEliminarMas ter um local de trabalho agradável ajuda muito: é uma felizarda, a menina.
Boa semana:)
Espanto-me sempre com o que a cidade mudou. Mas há demasiada gente, barulho e estímulo visual, a princípio fico deslumbrada mas se permaneço cansa-me. É boa para ir em visita.
EliminarA cidade grande oferece tanta coisa que falta na província...Que a província, ela mesma, difere bastante de lugar para lugar. E até talvez cada um seja a sua província.
EliminarO ruído cansa os mais velhos onde quer que exista. Em jovem nunca dei por ele:). Há uma canção de Brel acerca dos velhos viverem - ou desejarem viver - todos na província.
Mas hoje há sol. Não muda nada, mas dá colorido, dispõe.
Bom Fim de Semana, CC